O Brasil entre a América e a Europa
TÍTULO: O Brasil entre a América e a Europa.
AUTOR: Luís Cláudio Villafañe G. Santos
EDITORA: Unesp
PÁGINAS: 160
Obra que, sem dúvida, fornece elementos para a definição da identidade brasileira e exibe os precedentes da crítica agenda estratégica e comercial do Brasil contemporâneo com a América e a Europa. Aborda a política do Império brasileiro ante os sucessivos encontros interamericanos realizados no século XIX, desde o primeiro, no Panamá, em 1826, até o de Washington, em 1889/1890 (chamado de Primeira Conferência Internacional Americana, convocada pelos Estados Unidos, já sob a bandeira do pan-americanismo) - o único do qual o Brasil participou. A política externa do Império somente se consolida a partir de 1850, quando posições nos principais temas da agenda brasileira passam a ser definidas por políticas coerentes. Isolado nas Américas como único defensor do princípio monárquico, o Estado brasileiro sente-se desvinculado dos países vizinhos na construção de um discurso legitimador para a constituição do que acreditava ser um bastião da civilização européia no continente.
Os países americanos que surgiram a partir dos impérios coloniais europeus buscaram legitimar a sua situação política com base na idéia de ruptura com o universo ideológico do Antigo Regime. Isso significava adotar o republicanismo como forma de utilização da idéia de nação como fonte de legitimidade para o Estado. O Brasil, contudo, ao optar pela Monarquia, colocou-se na contramão desse movimento. Se, para os vizinhos americanos, o "outro" era a Europa e o Antigo Regime, para o Império, o "outro" era justamente o conjunto das repúblicas americanas. Assim, o Império construiu a sua auto-imagem a partir da superioridade da civilização que seu regime político representaria por estar próximo às monarquias européias. Curiosamente, mesmo escravista, atrasado e distante, o Império brasileiro via-se como distinto e melhor do que seus vizinhos, entendendo-os como anárquicos e instáveis. Levando em conta essas questões, este livro estuda temas como nacionalismo e interamericanismo, o Império e os congressos interamericanos e o Congresso de Washington. Aborda, assim, a política do Império brasileiro ante os sucessivos encontros interamericanos realizados no século XIX, desde o primeiro, no Panamá, em 1826, até o de Washington, em 1889/1890. Este último, chamado de Primeira Conferência Internacional Americana, convocada pelos Estados Unidos, já sob a bandeira do pan-americanismo, foi o único do qual o Brasil participou. Evidentemente, a análise da presença brasileira nesses eventos e da auto-imagem do Império em meio aos demais países das Américas, longe de se restringir a mero registro historiográfico, fornece elementos para a definição de nossa identidade e exibe os precedentes da crítica agenda estratégica e comercial do Brasil contemporâneo com a América e a Europa.
A partir do estudo da documentação da chancelaria brasileira e das fontes secundárias relevantes, este livro verifica a desconfiança e rejeição do Brasil Império contra a política do pan-americanismo, entendido como uma potencial frente comum oposta aos interesses brasileiros. O autor constata que a política externa do Império somente se consolida a partir de 1850, quando posições nos principais temas da agenda brasileira passam a ser definidas por políticas coerentes. Isolado nas Américas como único defensor do princípio monárquico, o Estado brasileiro sente-se desvinculado dos países vizinhos na construção de um discurso legitimador para a constituição do que acreditava ser um bastião da civilização européia no continente.
Sobre o autor
LUÍS CLÁUDIO VILLAFAÑE G. SANTOS é diplomata e graduou-se em Geografia, na Universidade de Brasília, e em Diplomacia no Instituto Rio Branco. Conta com curso de pós-graduação em Ciência Política na New York University, mestrado e doutorado em História pela Universidade de Brasília. É pesquisador associado ao Instituto Rio Branco.