Filme: Jango
Filme: Jango
Produzido em 1984, no contexto da “abertura política”, quando das manifestações populares pelas “Diretas Já”, o filme Jango, é um libelo pela democracia, apesar de não ser um filme panfletário.
O diretor Silvio Tendler procurou mostrar a situação política brasileira nos anos 60 e 70, desde a eleição de Jânio Quadros (de quem Jango era vice-presidente), passando pela crise da renúncia e ascensão de Jango, o golpe militar, as manifestações contra o novo regime e momentos de repressão. O filme, visto por mais de 1 milhão de pessoas, ganhou diversos prêmios e que pode ser considerado como um dos documentários mais importantes do Brasil, tem a narrativa do ator José Wilker e depoimentos de diversos personagens, tanto de apoiadores do golpe, como de perseguidos pelo regime militar, como o ministro Afonso Arinos de Melo Franco, o general Antonio Carlos Muricy, Leonel Brizola, Celso Furtado e Frei Betto, entre outros.
Poucas vezes o perfil de um líder político chegou às telas com a fluência, a inteligência e a emoção desse trabalho. O diretor lembra que Jango foi protagonista de um momento bastante peculiar na História do Brasil. Esse resgate da memória de João Goulart se opõe ao processo operado na memória coletiva do brasileiro, durante o período ditatorial. De comunista a fujão, Jango foi injustiçado pela memória histórica nacional. Forçado ao exílio, foi o único presidente que morreu fora do país. Não era nem uma coisa nem outra.
Fazendeiro de São Borja, membro de uma elite rural, aderiu ao populismo de Vargas e foi conduzido à vida política por este – também gaúcho. Aproximou-se do trabalhismo e mesmo em seu momento de maior radicalização, já em 1964 quando propôs as reformas de base, buscava apoio de setores sociais populares, mas que julgava poder manipular. Membro de uma elite, mesmo deposto não estava disposto a “pegar em armas” para manter o poder, ainda que tenha tentado articular a resistência junto a setores do exército, porém minoritários e que se mantiveram fiéis ao “espírito de corpo”, ainda que rompida a legalidade.
Ficha Técnica
Direção: Silvio Tendler
Roteiro: Silvio Tendler
Assistente de Direção: José Olívia Jr.
Elenco: Narração: José Wilker Depoimentos : Afonso Arinos, Aldo Arantes, Antonio Carlos Muricy, Bocayuva Cunha, Celso Furtado, Denize Goulart, Francisco Julião, Francisco Teixeira, Frei Betto, Gregório Bezerra, Leonel Brizola, Marcos Sá Correa, Magalhães Pinto, Maria Vitória Benevides, Raul Ryff,
Produção: Caliban Produções Cinematográficas LTDA
Direção de Produção: Cássia Araújo
Coordenação de Produção: Maria Muricy
Direção Fotografia: Lucio Kodato
Montagem/Edição: Francisco Sérgio Moreira
Técnico de Som Direto: Geraldo Ribeiro
Estúdio Som: Rob Filmes
Trilha: Música: Milton Nascimento e Wagner Tiso