Os escribas e os números
Os egípcios e os números
Por Claudio Recco, do HISTORIANET
Considera-se o Egito como um dos Estados mais antigos da humanidade, formado cerca de 3.200 a.C.. Alguns séculos antes, as comunidades primitivas as margens do Nilo passaram a utilizar ferramentas e armas, ampliaram a complexidade da organização social e da produção, possibilitando a produção de excedentes e a liberação de mão-de-obra para outras atividades, como a produção artesanal, o comércio, a administração, o sacerdócio e o militarismo.
Como consequência desse processo se desenvolveu a escrita e formou-se uma camada social nova, os “escribas”, vinculados à administração do Estado. Apesar de não pertencerem à elite, a função exercida os aproximava tanto da elite política com da religiosa. Eram aqueles que aprenderam a ler os números e as palavras de forma básica, necessária para o registro dos produtos, sua distribuição e os rendimentos provenientes destes, fundamentais ao Estado e aos templos.
O grande desenvolvimento do Egito é normalmente exemplificado por suas grandiosas obras, como as pirâmides e os templos e, para essas construções, o conhecimento da matemática foi fundamental.
Como realizar cálculos precisos utilizando pedras, nós ou riscos em osso? Foi partindo de uma necessidade concreta que os administradores criaram símbolos para representar as quantidades de objetos. Esses símbolos – os números – permitiram a representação matemática de problemas cotidianos que precisavam de solução, muitas vezes imediatas.
Por volta de 1850 a.C. um escriba de nome Aahmesu, - o “filho da lua” - foi o responsável por escrever em um papiro 80 problemas matemáticos com concepções de geometria e aritmética – com suas resoluções –, a maioria envolvendo temas cotidianos relacionados a preços. Esse documento foi copiado em linguagem mais simples 200 anos depois. O documento apresenta informações sobre aritmética, frações, cálculo de áreas, volumes, progressões, regra de três, equações lineares e trigonometria. Esse papiro também é chamado Papiro de Rhind, pois se tornou conhecido e adquiriu importância quando o antiquário escocês Alexander Rhind o comprou em Luxor, em 1850, levando-o para a Europa (hoje está exposto em Londres, no British Museum).
No século XIX não foi difícil aos cientistas o entendimento do Papiro de Ahmes (ou Rhind), principalmente por conta da decifração dos hieróglifos pelo egiptólogo francês Jean Champolion. Perceberam que o sistema numérico do Egito antigo se baseava em 7 números chaves, 1; 10; 100; 1000; 10.000; 100.000; e 1.000.000, que eram representados por símbolos diferentes e todos os outros números eram escritos combinando-se esses 7 números